Cartas particulares do Recôncavo da Bahia (1818-1886)
Das 158 cartas, que se encontram preservadas no Arquivo do Convento de Santa Clara do Desterro, 154 foram escritas na Bahia, predominantemente na região do Recôncavo da Bahia, e 29 cartas foram escritas na cidade do Salvador. Em 32 cartas, não há indicação do local onde foram escritas. São 54, no total, os remetentes das cartas. Fazendo-se, no entanto, uma necessária distinção entre remetente – o autor intelectual do texto da carta – e escriba – quem de fato o redige –, já que nem sempre ambos são coincidentes, verificou-se que o número de escribas é superior ao de remetentes, tendo sido identificadas 63 mãos nas cartas. Tendo em vista tratar-se de cartas particulares, considera-se, quanto aos documentos autógrafos – saídos das mãos de seu próprio autor intelectual –, a possibilidade de ocorrerem, com mais frequência, rascunhos e originais autógrafos. Quanto aos documentos apógrafos – cópias feitas por mãos alheias –, considera-se, como mais provável, que se tratem de cópias a partir de rascunhos ou de originais autógrafos, ou, ainda, de textos escritos a partir de ditado. Dos 54 remetentes, 5 foram identificados como de nacionalidade portuguesa, todos homens, e 38, como de nacionalidade brasileira, sendo 7 mulheres e 31 homens. Os demais remetentes não tiveram sua nacionalidade identificada. Dentre os remetentes cuja nacionalidade pôde ser identificada por meio de fontes relativas a registros de morte, destaca-se João Pinto Leite, por ser autor do maior número de cartas por remetente, ou seja, 51 das 158 cartas que integram o corpus aqui apresentado. 115 das 158 cartas foram enviadas a 7 religiosas do Convento do Desterro, e 43, a 20 outros destinatários. Esse corpus de cartas particulares -- extraído de Lobo (2001) -- permite que seja realizada, para o Recôncavo da Bahia, no século XIX, uma análise de base sociolinguística, em que não apenas se reconstrua a estrutura social.
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