Cartas avulsas para vários destinatários

Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 208 cartas, extraídas de Carneiro (2005). Essas cartas, dirigidas a diversos destinatários, estão depositadas no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBA), Arquivo Público do Estado da Bahia (APEBA) e Centro de Estudos Feirenses (CENEF), da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Do conjunto de cartas, 149 foram escritas entre 1880 e 1899, e 38 cartas, entre 1900 e 1903. Dentre essas, 124 foram escritas no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro (52 na capital e 2 na cidade de Petrópolis); na Bahia, foram escritas 51 cartas, sendo 22 originárias, provavelmente, da capital da província, Salvador. As demais cartas da Bahia provêm, em sua maioria, do interior. São basicamente as cartas enviadas por parentes, amigos e correligionários ao coronel Exupério Canguçu, provenientes da região da Chapada Diamantina e da Serra Geral, área de atuação desse coronel. As demais cartas, 39 no total, não têm seus locais de origem especificados, mas, parece, foram escritas no Brasil. As cartas do exterior são ao todo 45, quase todas provenientes de remetentes brasileiros em trânsito, ou em exercício de missões no exterior, ou então lá residindo temporariamente. São 22 cartas da Europa e mais 23 cartas de localidades envolvidas na Guerra do Paraguai. Os remetentes da coleção documental em questão são 114 (111 homens e 3 mulheres), oriundos, em sua maioria, da classe alta e letrada, assim distribuídos: 38 baianos, 9 cariocas, 8 pernambucanos, 7 mineiros, 6 gaúchos, 5 paulistas, 2 paraenses, 2 maranhenses, 2 capixabas, 1 piauense, 1 alagoano, 2 brasileiros sem identificação de naturalidade e 16 brasileiros (por inferência). Os estrangeiros são: Conde d’Eu, francês (carta nº. 160); Dário Rafael Callado, uruguaio (carta nº. 35); Joaquim Pereira Marinho, português (cartas nº. 191, nº. 192, nº.193 e nº.194); Silva Lima, português (cartas nº. 175) e Visconde do Abaeté, português (cartas nº. 97 e nº. 98). Além de 1 remetente filho de brasileiro, nascido na França durante o exílio do pai, mas educado no Brasil, o Sr. Martim Francisco de Andrade 2º. E, por fim, 7 remetentes não identificados. Os destinatários são os seguintes: Manoel Ignácio da Cunha e Menezes (N. em 13/12/1779 na BA; + 16/1/1850), filho do terceiro conde Lumiares, antigo governador da Bahia, tendo exercido inúmeros cargos públicos; José de Goes [Siqueira] (N. em 11/8/1814, Rio Fundo, Santo Amaro, BA; + 20/8/1874, BA), que se formou médico em 1840 pela Faculdade da Bahia, tornando-se depois professor da mesma em 1855; 81 cartas para Ângelo Muniz da Silva Ferraz (N. em 8/01/1812; em Valença, BA; + em 18/01/1867, Petrópolis, RJ), que cursou a Faculdade de Direito de Olinda (PE) em 1848, sendo presidente do Conselho de Ministros da Fazenda e do Império em 1859; Conselheiro Martin Francisco Ribeiro de Andrada (2º) (N. em 10/07/1825 em Bordeaux, França, durante o exílio de seu pai; + em 02/03/1886, São Paulo), que estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, tendo exercido diversos cargos públicos, dentre esses, o de Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Justiça; Marechal Barão de Cajaíba [Alexandre Gomes Ferrão Argollo] (N. em 1800 no engenho Mataripe de propriedade de seu pai, BA; + em 10/5/1870, BA), que descendia de importantes famílias do Recôncavo baiano; Maria Augusta Argollo Saldanha da Gama (N. em 1845 na BA; + 8.9.1905), filha de Alexandre Gomes de Argolo Ferrão (Barão da Cajaíba); Coronel Exupério Pinheiro Canguçu, Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional (N. 1820 no Brejo Seco, BA; + 1900, na BA, aos 80 anos), um dos mais importantes líderes rurais, da época, na Bahia; João José de Almeida Couto (N. em 24/12/1812, Maragogipe, BA; + em 24/3/1900, em Salvador, BA), tendo assumido diversos cargos públicos na Bahia, inclusive a presidência e a vice-presidência da província (1870-1872); Fructuoso [Moreira] Maia; sabe-se que era administrador de um dos engenhos do Barão de Cotegipe (João Mauricio Wanderley, um político de grande projeção nacional e dono de vários engenhos na Bahia); Dr. Egas Carlos Muniz Sodré de Aragão (N. em 01/02/1842 na BA; + em 29/11/1893), que descendia de uma conhecida família baiana e professor da Faculdade de Medicina da Bahia; Dr. Jerônimo Sodré [Pereira] [N. em 6/04/1840; + em 8/11/1909], filho de Cora Coutinho Sodré Pereira e do Tenente-Coronel Francisco Sodré Pereira (depois Barão e Baronesa de Alagoinhas), Diretor da Faculdade de Medicina da Bahia e Presidente de Sergipe; Dr. Frederico Lisboa, baiano e político; Dr. Gonçalo Moniz Sodré de Aragão (N. em 28/01/1870, BA; + em 01/06/1939), que descendia dos Muniz Barreto da Bahia, professor Geral da Faculdade de Medicina. Há 33 cartas para destinatários diversos, tais como Dr. Horácio, Princesa Isabel, Antonio Calmon, Dr. Odorrico, Padre Nestor, Frei Camilo, Antônio José, Barão de Araújo Góis e outros identificados como amigo e compadre, entreoutros. Do ponto de vista linguístico, essa documentação epistolar permite a formação de corpora com textos escritos por brasileiros cultos nascidos entre 1724-1880.


Cartas para Severino Vieira, Governador da Bahia

Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 102 cartas, datadas de 1901-1902, extraídas de Carneiro (2005). Essas cartas, dirigidas a Severino Vieira, Governador da Bahia, estão depositadas no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBA). Trata-se de 60 remetentes (57 homens e 3 mulheres), a maioria letrada e, sobretudo, citadina. São 41 cartas de 1901, e 58 cartas, de 1902, período que corresponde ao primeiro biênio do mandato de Severino Vieira, Governador da Bahia (1901-1904). Severino Vieira (N. em 08/06/1849 na Vila de Ribeira do Conde, BA; + em 23/09/1917) exerceu ainda o cargo de Ministro de Viação e Obras Públicas no governo de Campos Sales, além de outros cargos públicos. As cartas destinadas a Severino Vieira são, na maioria, vindas da então capital federal, o Rio de Janeiro, ao todo 78, e, dentre essas, 1 de Petrópolis. São escritas majoritariamente por brasileiros, a saber: 8 baianos; 1 goiano; 1 mineiro; 1 paraibano; 1 paraense; 1 pernambucano; 1 piauense; 8 cariocas; 1 potiguar; 1 sergipano; 2 brasileiros sem especificação de naturalidade; 16 brasileiros por inferência. Ainda, 2 estrangeiros: John T. Lewis (carta, nº. 280) e M. Wicks (cartas nº. 292 e nº. 293). Há ainda 16 remetentes não identificados. Essas cartas oferecem uma amostragem de textos escritos por indivíduos, basicamente de remetentes cultos ou semi-cultos, nascidos entre 1724-1880.


Cartas para Cícero Dantas Martins, Barão de Jeremoabo

Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática, extraída de Carneiro (2005), de 190 cartas, dirigidas a Cícero Dantas Martins, Barão de Jeremoabo. Estão depositadas no Centro de Documentação da Fundação Clemente Mariani (fundo ABJ), em sistema de doação por comodato. Trata-se de 43 remetentes (42 homens e 1 mulher), sertanejos baianos que escreveram ao “coronel-barão” de Jeremoabo, Cícero Dantas Martins (N. em 28/6/1838 na Fazenda Caritá, município de Jeremoabo, BA; + em 27/10/1903 em Bom Conselho (hoje Cícero Dantas), BA). Foi casado com Mariana da Costa Pinto [Dantas] em 04/11/1865 (filha do Visconde Sergimirim). Foi deputado por diversos períodos, a saber: Suplente de deputado provincial na Bahia pelo 10º Círculo para a legislatura (1860-1861); Deputado pelo Império na 14ª legislatura (1860-1872) e pela Assembleia Provincial na 8ª legislatura (1870-1871); Deputado Geral, 4º distrito na 15ª e 16ª legislatura (1873-1878) e da 9º até a 20º (1886-1889). Participou, também, do ato da instalação da Câmara Municipal na Vila de Bom Conselho (28/03/1876). Os outros cargos mais importantes foram o de Secretário do Senado (1893), de Presidente do Senado (10/04/1893) e, também, Intendente do Município de Itapicuru (1893-1896). Fundou, ainda, a 1ª usina de açúcar do Norte-Nordeste e 5ª do país, a “Fábrica Central do Bom Jardim”, razão pela qual recebeu o título de Barão. A partir da data de nascimento e do cruzamento com a data de escrita da carta, foi possível identificar a idade de parte dos remetentes, nascidos entre fins do século XVIII e o terceiro quartel do século XIX, com nacionalidade brasileira identificada ou inferida. A idade média quando da escrita da carta variou entre 13 e 65 anos. Os 43 remetentes, semicultos e populares, são nascidos ou radicados nas seguintes localidades: 1 (Abobreira); 2 (Bom Conselho, atual Cícero Dantas); 2 (Bonfim); 1 (Conde); 1 (Patrocínio do Coité, atual Paripiranga); 1 (Cumbe, atual Euclides da Cunha); 1 (Fazenda Cortiço, atual Euclides da Cunha); 1 (Fazenda Ilha, atual Euclides da Cunha); 10 (Itapicuru); 9 (Jeremoabo); 1 (Monte Alegre); 1 (Monte Santo); 3 (Ribeira do Pombal); 1 (Santa Rita do Rio Preto); 1 (Serrinha); 5 (Tucano); 2 outros baianos, por inferência. A comparação dos remetentes com outros autores, tanto brasileiros quanto portugueses, nascidos no mesmo período, poderá também trazer resultados importantes para o esclarecimento sobre a gramática do português brasileiro.