Os Senhores do Brejo do Campo Seco


Miguel Lourenço de Almeida, primeiro Senhor do Campo Seco, nasceu em Camarões, freguesia de São Pedro do Almargem do Bispo, conselho de Sintra, distrito de Lisboa, Portugal, no ano de 1708, sendo ele filho de José Lourenço e Domingas João. Apesar de não ser de uma linhagem nobre, seu padrinho de batismo, Dom Lopo de Almeida, pertencia à nobreza. Nesse sentido, o sobrenome “Almeida”, acrescentado pelo lusitano, veio do referido apadrinhamento. No Brasil, exerceu a profissão de contador do Tribunal dos Ausentes, capitão-general de Pernambuco; atuou, ainda, como Familiar do Santo Ofício e fazendeiro. Casou-se com a brasileira Ana Francisca da Silva, sertaneja, natural de freguesia do Urubu, umas das mais antigas Vilas da região, com quem teve oito filhos. Supõe-se que faleceu em 1785, aos 77 anos, deixando um bom patrimônio para os seus rebentos e descendentes.

Antônio Pinheiro Pinto, segundo Senhor do Campo Seco, era natural de Caetité – Bahia. Não há informações sobre os nomes de seus pais; sabe-se, apenas, que eram descendentes de portugueses e da pequena burguesia. Atuou como Tenente de Milícias; foi fazendeiro, agricultor e comerciante. Casou-se com Bibiana Maria de Jesus, filha de Miguel Lourenço de Almeida. Dessa união nasceram dois filhos: Inocêncio José Pinheiro Pinto e Zeferina Maria de Santo Antônio. Faleceu em 1822, segundo relatos, por consequência de ferimento provocado por arma branca, desferida por um escravo. Após o seu falecimento, o seu posto foi ocupado pelo filho, Inocêncio José Pinheiro Pinto, com 27 anos de idade, na época.

Inocêncio José Pinheiro Canguçu, terceiro Senhor das terras do Campo Seco, nasceu em Bom Jesus dos Meiras, em 1795. Tornou-se o líder dos Canguçus, assumindo a direção dos negócios da família, após ausência paterna. Segundo Santos Filho (2012), Inocêncio mudou o sobrenome de Pinto para Canguçu, em 1830, no período imperial do Brasil. Nesse período, havia um forte sentimento nativista em todo o país; pairava um ódio ao português e imperador Pedro I. Por essa razão, muitos trocaram seus sobrenomes portugueses por outros de origem, por exemplo, brasileira, indígena, americana, dentre outros. Sendo assim, o terceiro Senhor optou por um nome nativo: “Canguçu”, que se refere a uma onça típica da região. Dessa forma, adotou-o e transmitiu-o aos seus. Ocupou o cargo de Tenente Comandante da Guarda Policial de Rios de Contas, foi, também, vereador e fazendeiro. Casou-se com Prudência Rosa de Santa Edwirges, filha de Francisco de Souza Meira, nascida e criada na Fazenda Bom Jesus. Faleceu em setembro de 1861, aos 66 anos, na fazenda da Ilha do Pão, em Minas Gerais.

Miguel Joaquim de Castro Mirante, conforme afirma Santos Filho (2012), teria sido um dos genros de Inocêncio Pinheiro Canguçu. Vale dizer que Miguel Joaquim Mirante realizou raras escritas nos Livros da Fazenda do Brejo do Campo Seco: um registro no fólio de número 34 verso, no Livro do Gado; e um no fólio de número 195, no Livro de Razão. Sobre ele, tudo leva a crer que nasceu em Bom Jesus dos Meiras – BA, em 29/09/1833. Supostamente morou na fazenda da Lapa, na Vila de Bom Jesus dos Meiras, e atuou como capitão, juiz de paz e fazendeiro.