
Projeto CE-DOHS
Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão
FAPESB, Processo 5566/2010/Consepe: 202/2010 Coordenação:
Zenaide de Oliveira Novais Carneiro (UEFS/Fapesb/CNPq)
Mariana Fagundes de Oliveira Lacerda (UEFS/Fapesb)
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Os documentos estão editados em XML, utilizando a ferramenta eDictor (desenvolvida por Pablo Faria, Fábio Kepler e Maria
Clara Paixão de Sousa). Essa tecnologia de edição digital foi inspirada no Corpus Histórico do Português Tycho Brahe, coordenado por Charlotte Galves.
Coleções documentais/Edições em diferentes formatos
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Número de documentos
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Cartas para vários destinatários |
208 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 208 cartas, extraídas de Carneiro (2005). Essas cartas,
dirigidas a diversos destinatários, estão depositadas no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBA), Arquivo Público
do Estado da Bahia (APEBA) e Centro de Estudos Feirenses (CENEF), da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Do
conjunto de cartas, 149 foram escritas entre 1880 e 1899, e 38 cartas, entre 1900 e 1903. Dentre essas, 124 foram escritas
no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro (52 na capital e 2 na cidade de Petrópolis); na Bahia, foram escritas 51 cartas,
sendo 22 originárias, provavelmente, da capital da província, Salvador. As demais cartas da Bahia provêm, em sua maioria,
do interior. São basicamente as cartas enviadas por parentes, amigos e correligionários ao coronel Exupério Canguçu, provenientes
da região da Chapada Diamantina e da Serra Geral, área de atuação desse coronel. As demais cartas, 39 no total, não têm seus
locais de origem especificados, mas, parece, foram escritas no Brasil. As cartas do exterior são ao todo 45, quase todas provenientes
de remetentes brasileiros em trânsito, ou em exercício de missões no exterior, ou então lá residindo temporariamente. São
22 cartas da Europa e mais 23 cartas de localidades envolvidas na Guerra do Paraguai. Os remetentes da coleção documental
em questão são 114 (111 homens e 3 mulheres), oriundos, em sua maioria, da classe alta e letrada, assim distribuídos: 38 baianos,
9 cariocas, 8 pernambucanos, 7 mineiros, 6 gaúchos, 5 paulistas, 2 paraenses, 2 maranhenses, 2 capixabas, 1 piauense, 1 alagoano,
2 brasileiros sem identificação de naturalidade e 16 brasileiros (por inferência). Os estrangeiros são: Conde d’Eu, francês
(carta nº. 160); Dário Rafael Callado, uruguaio (carta nº. 35); Joaquim Pereira Marinho, português (cartas nº. 191, nº. 192,
nº.193 e nº.194); Silva Lima, português (cartas nº. 175) e Visconde do Abaeté, português (cartas nº. 97 e nº. 98). Além de
1 remetente filho de brasileiro, nascido na França durante o exílio do pai, mas educado no Brasil, o Sr. Martim Francisco
de Andrade 2º. E, por fim, 7 remetentes não identificados. Os destinatários são os seguintes: Manoel Ignácio da Cunha e Menezes
(N. em 13/12/1779 na BA; + 16/1/1850), filho do terceiro conde Lumiares, antigo governador da Bahia, tendo exercido inúmeros
cargos públicos;José de Goes [Siqueira] (N. em 11/8/1814, Rio Fundo, Santo Amaro, BA; + 20/8/1874, BA), que se formou médico
em 1840 pela Faculdade da Bahia, tornando-se depois professor da mesma em 1855;
81 cartas para Ângelo Muniz da Silva Ferraz (N. em 8/01/1812; em Valença, BA; + em 18/01/1867, Petrópolis, RJ), que cursou
a Faculdade de Direito de Olinda (PE) em 1848, sendo presidente do Conselho de Ministros da Fazenda e do Império em 1859;
Conselheiro Martin Francisco Ribeiro de Andrada (2º) (N. em 10/07/1825 em Bordeaux, França, durante o exílio de seu pai;
+ em 02/03/1886, São Paulo), que estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, tendo exercido diversos cargos públicos, dentre
esses, o de Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Justiça;
Marechal Barão de Cajaíba [Alexandre Gomes Ferrão Argollo] (N. em 1800 no engenho Mataripe de propriedade de seu pai, BA;
+ em 10/5/1870, BA), que descendia de importantes famílias do Recôncavo baiano;
Maria Augusta Argollo Saldanha da Gama (N. em 1845 na BA; + 8.9.1905), filha de Alexandre Gomes de Argolo Ferrão (Barão
da Cajaíba);
Coronel Exupério Pinheiro Canguçu, Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional (N. 1820 no Brejo Seco, BA; + 1900, na
BA, aos 80 anos), um dos mais importantes líderes rurais, da época, na Bahia;
João José de Almeida Couto (N. em 24/12/1812, Maragogipe, BA; + em 24/3/1900, em Salvador, BA), tendo assumido diversos
cargos públicos na Bahia, inclusive a presidência e a vice-presidência da província (1870-1872);
Fructuoso [Moreira] Maia; sabe-se que era administrador de um dos engenhos do Barão de Cotegipe (João Mauricio Wanderley,
um político de grande projeção nacional e dono de vários engenhos na Bahia);
Dr. Egas Carlos Muniz Sodré de Aragão (N. em 01/02/1842 na BA; + em 29/11/1893), que descendia de uma conhecida família
baiana e professor da Faculdade de Medicina da Bahia;
Dr. Jerônimo Sodré [Pereira] [N. em 6/04/1840; + em 8/11/1909], filho de Cora Coutinho Sodré Pereira e do Tenente-Coronel
Francisco Sodré Pereira (depois Barão e Baronesa de Alagoinhas), Diretor da Faculdade de Medicina da Bahia e Presidente de
Sergipe; Dr. Frederico Lisboa, baiano e político;
Dr. Gonçalo Moniz Sodré de Aragão (N. em 28/01/1870, BA; + em 01/06/1939), que descendia dos Muniz Barreto da Bahia, professor
Geral da Faculdade de Medicina.
Há 33 cartas para destinatários diversos, tais como Dr. Horácio, Princesa Isabel, Antonio Calmon, Dr. Odorrico, Padre Nestor,
Frei Camilo, Antônio José, Barão de Araújo Góis e outros identificados como amigo e compadre, entreoutros.
Do ponto de vista linguístico, essa documentação epistolar permite a formação de corpora com textos escritos por brasileiros
cultos nascidos entre 1724-1880.
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Cartas para Cícero Dantas Martins, Barão de Jeremoabo |
190 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática, extraída de Carneiro (2005), de 190 cartas, dirigidas
a Cícero Dantas Martins, Barão de Jeremoabo. Estão depositadas no Centro de Documentação da Fundação Clemente Mariani (fundo
ABJ), em sistema de doação por comodato. Trata-se de 43 remetentes (42 homens e 1 mulher), sertanejos baianos que escreveram
ao “coronel-barão” de Jeremoabo, Cícero Dantas Martins (N. em 28/6/1838 na Fazenda Caritá, município de Jeremoabo, BA; + em
27/10/1903 em Bom Conselho (hoje Cícero Dantas), BA). Foi casado com Mariana da Costa Pinto [Dantas] em 04/11/1865 (filha
do Visconde Sergimirim). Foi deputado por diversos períodos, a saber: Suplente de deputado provincial na Bahia pelo 10º Círculo
para a legislatura (1860-1861); Deputado pelo Império na 14ª legislatura (1860-1872) e pela Assembleia Provincial na 8ª legislatura
(1870-1871); Deputado Geral, 4º distrito na 15ª e 16ª legislatura (1873-1878) e da 9º até a 20º (1886-1889). Participou, também,
do ato da instalação da Câmara Municipal na Vila de Bom Conselho (28/03/1876). Os outros cargos mais importantes foram o de
Secretário do Senado (1893), de Presidente do Senado (10/04/1893) e, também, Intendente do Município de Itapicuru (1893-1896).
Fundou, ainda, a 1ª usina de açúcar do Norte-Nordeste e 5ª do país, a “Fábrica Central do Bom Jardim”, razão pela qual recebeu
o título de Barão.
A partir da data de nascimento e do cruzamento com a data de escrita da carta, foi possível identificar a idade de parte dos
remetentes, nascidos entre fins do século XVIII e o terceiro quartel do século XIX, com nacionalidade brasileira identificada
ou inferida. A idade média quando da escrita da carta variou entre 13 e 65 anos. Os 43 remetentes, semicultos e populares,
são nascidos ou radicados nas seguintes localidades: 1 (Abobreira); 2 (Bom Conselho, atual Cícero Dantas); 2 (Bonfim); 1 (Conde);
1 (Patrocínio do Coité, atual Paripiranga); 1 (Cumbe, atual Euclides da Cunha); 1 (Fazenda Cortiço, atual Euclides da Cunha);
1 (Fazenda Ilha, atual Euclides da Cunha); 10 (Itapicuru); 9 (Jeremoabo); 1 (Monte Alegre); 1 (Monte Santo); 3 (Ribeira do
Pombal); 1 (Santa Rita do Rio Preto); 1 (Serrinha); 5 (Tucano); 2 outros baianos, por inferência. A comparação dos remetentes
com outros autores, tanto brasileiros quanto portugueses, nascidos no mesmo período, poderá também trazer resultados importantes
para o esclarecimento sobre a gramática do português brasileiro.
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Cartas para Severino Vieira, Governador da Bahia |
102 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 102 cartas, datadas de 1901-1902, extraídas de Carneiro
(2005). Essas cartas, dirigidas a Severino Vieira, Governador da Bahia, estão depositadas no Instituto Geográfico e Histórico
da Bahia (IGHBA). Trata-se de 60 remetentes (57 homens e 3 mulheres), a maioria letrada e, sobretudo, citadina. São 41 cartas
de 1901, e 58 cartas, de 1902, período que corresponde ao primeiro biênio do mandato de Severino Vieira, Governador da Bahia
(1901-1904). Severino Vieira (N. em 08/06/1849 na Vila de Ribeira do Conde, BA; + em 23/09/1917) exerceu ainda o cargo de
Ministro de Viação e Obras Públicas no governo de Campos Sales, além de outros cargos públicos. As cartas destinadas a Severino
Vieira são, na maioria, vindas da então capital federal, o Rio de Janeiro, ao todo 78, e, dentre essas, 1 de Petrópolis.
São escritas majoritariamente por brasileiros, a saber: 8 baianos; 1 goiano; 1 mineiro; 1 paraibano; 1 paraense; 1 pernambucano;
1 piauense; 8 cariocas; 1 potiguar; 1 sergipano; 2 brasileiros sem especificação de naturalidade; 16 brasileiros por inferência.
Ainda, 2 estrangeiros: John T. Lewis (carta, nº. 280) e M. Wicks (cartas nº. 292 e nº. 293). Há ainda 16 remetentes não identificados.
Essas cartas oferecem uma amostragem de textos escritos por indivíduos, basicamente de remetentes cultos ou semi-cultos, nascidos
entre 1724-1880.
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Cartas da coleção documental Dantas Jr |
243 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 242 cartas, dirigidas a João da Costa Pinto Dantas
Jr., neto do Barão de Jeremoabo. Encontram-se depositadas no Centro de Documentação da Fundação Clemente Mariani (fundo ABJ),
em sistema de doação por comodato. Trata-se de 113 remetentes, sendo 5 cartas escritas por Dantas Jr. para seu pai (cartas
13, 14 e 16) e para ambos, pai e mãe (cartas 15 e 17). O destinatário Dantas Jr., conforme consta no artigo intitulado DANTAS
JÚNIOR, João da Costa Pinto. Cap-Mor João D’antas dos Imperiais Itapicuru. Revista do Instituto Genealógico, Salvador, ano
XV, n. 15, p. 15-223, 1967, “descende de uma tradicional família política do nordeste da Bahia – a família Dantas, tendo vivido
as principais fases da história republicana da Bahia e do Brasil. Na República Velha, foi eleito deputado estadual, com apenas
23 anos de idade, para o período de 1921 a 1923. Com a Revolução de 1930 e ascensão de Getúlio Vargas ao poder, foi eleito
para a Constituinte de 1935, sendo afastado do cargo com o golpe do Estado Novo, só assumindo um novo cargo eletivo com a
redemocratização do país, em 1946. A partir daí, atuou na administração pública do Estado, assumindo diversos cargos do executivo
baiano. Voltou à Câmara Federal em 1959, tendo, posteriormente, se dedicado às atividades administrativas e culturais, até
seu falecimento em 1969”.
Dentre os 113 remetentes identificados, apenas 1 apresenta outra nacionalidade, a portuguesa, o Padre Antonio da Costa Gaito,
Bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas (Universidade de Coimbra). As cartas são majoritariamente escritas por homens (106),
constando apenas 7 mulheres (Adalgisa Fiel de Carvalho Dantas, Ana Adelaide Ribeiro dos Santos Dantas e Emiliana Gonçalves
Torres e Silva (mulheres da Elite), Ana Ferreira da Silva (Professora primária), Avelina Vieira Andrade (Tabeliã), Heloysa
Monteiro Accioly Borges (Secretária de Fundação) e Odete Carvalho Moreira de Souza (Professora de Música?). A maior parte
dos remetentes é formada por Bacharéis em Direito, com altos cargos no período republicano em que viveram. Há brasileiros
de diversos estados, sendo a maior parte composta por baianos. Há ainda sergipanos, pernambucanos, mineiros, cariocas e paulistas,
cearense, capixaba, sul-mato-grossense e paraense. Parte dos remetentes desta coleção documental do século XX apresenta perfil
próximo ao dos remetentes das cartas do século XIX, como aquelas que pertencem à coleção documental Cartas para Vários Destinatários
e Cartas para Severino Vieira, e a outra parte, um perfil próximo ao perfil dos remetentes das Cartas para o Barão de Jeremoabo,
muitos entre os quais descendentes desses.
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Cartas Baianas: coleção documental do Dr. João da Costa Pinto Victória |
102 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 102 cartas, dirigidas a integrantes da família Costa
Pinto. Encontra-se a documentação depositada no arquivo Particular do Dr. João da Costa Pinto Victoria. Trata-se de cartas
escritas entre 1911 e 1958, por cinco mulheres semicultas e cultas, oriundas de Salvador, de Santo Amaro e do Rio de Janeiro.
São mulheres pertencentes a famílias com representatividade no Brasil Colônia, no Brasil Império e com significação também
no Brasil República, das famílias Araújo Pinho, Argolo, Carvalho, Costa Pinto, Ferreira de Moura e Wanderley. As cartas foram
trocadas entre familiares e abordam assuntos pessoais e cotidianos, tais como expressão de saudades, informações sobre o estado
de saúde, notícias de falecimentos, comentários sobre festejos, comunicado de pagamento de dívidas e resgate de apólices,
entre outros.
Do total de cartas em questão, 26 foram escritas por Tia Antonia [Antonia Theresa Wanderley], filha de João Maurício Wanderley
e Antonia Thereza de Sá Pitta e Argollo (Barões de Cotegipe), tendo nascido em 20.04.1862 e falecido em 12.09.1944, solteira
e sem sucessão. Dessas, 8 foram destinadas à Maria [Maria Luisa Wanderley de Araújo Pinho - sobrinha], e 17, à Yáyá [Maria
Luisa Wanderley de Araújo Pinho - irmã]. Católica apostólica romana, como as demais missivistas, muito religiosa e envolvida
em atividades religiosas. Aracy [Aracy Leonardo Pereira], filha de Américo de Pinho Leonardo Pereira e Maria das Mercês da
Costa Pinto Leonardo Pereira. Nasceu em 23.10.1905 e faleceu em 13.12.1985, solteira e sem sucessão. Escreveu 52 cartas, sendo
3 para “Meu Padrinho” [João Ferreira de Araújo Pinho Junior], 49 para “Minha Madrinha” [Maria de Carvalho Araújo Pinho]. Aprendeu
francês no colégio em que foi educada, o Colégio das Religiosas Sacramentinas, com freiras nativas da França. Cursou inglês,
espanhol e fez aulas teóricas e práticas de Culinária. Muito ativa e dedicada ao grupo familiar. Lulu [Maria Luisa Wanderley
de Araújo Pinho], filha de João Ferreira de Araújo Pinho e Maria Luisa Wanderley de Araújo Pinho. Nasceu em 20.04.1891, na
Vila Conde de Subahé, na Freguesia de Nossa Senhora do Rosário, na cidade de Santo Amaro, e faleceu em 11.03.1928, solteira
e sem sucessão. Escreveu 7 cartas, 2 para “Meu caro Irmão” [?], 1 para “Yoyô” [João Ferreira de Araújo Pinho Junior] e 4 para
“Querida Yáyá” [Maria de Carvalho Araújo Pinho]. Maria [Maria Luisa Wanderley de Araújo Pinho], pessoa culta e muito carinhosa,
filha de João Maurício Wanderley e Antonia Thereza de Sá Pitta e Argollo (Barões de Cotegipe). Nasceu em 28.11.1858, em Salvador,
e morreu em 19.08.1942, casada e com sucessão. Ela escreveu 11 cartas, 8 destinadas a “Meus caros Filhos” [Felipe Wanderley
de Araújo Pinho, Joaquim Wanderley de Araújo Pinho e Maurício Wanderley de Araújo Pinho – não se sabe precisamente quais deles
eram os destinatários], e 03, à “Minha cara Filha” [Maria Luisa Wanderley de Araújo Pinho]. E Virgínia e Antonio [Virgínia
Ottoni Vieira], filha de Doutor Misael Ottoni Vieira e Ana de Cerqueira Lima. Nasceu em 01.04.1905, no Rio de Janeiro, e faleceu
em 13.01.2003, viúva e com descendência. Autora de 6 cartas, 5 para “Yáyá” [Maria de Carvalho Araújo Pinho] e 1 para “Aracy”
[Aracy Leonardo Pereira]. Era uma pessoa fácil de se comunicar e muito agradável, segundo o Dr. João da Costa Pinto Victoria,
que conviveu com a mesma. As cartas provêm de diversas regiões da Bahia, sendo a maioria da Capital baiana, Salvador, e outras
de vilarejos e fazendas.
Das cartas que possuem identificação, 66 se concentram no Recôncavo Baiano (Conceição e Santo Amaro) e em Salvador (“Bahia”),
sendo 11 do Recôncavo Sul (Santo Amaro e Conceição, atual Amélia Rodrigues), 2 do Nordeste (Serrinha), 8 originadas de Angico,
1 de Benfica e 1 de Roçado (sabe-se que eram Engenhos); 1 da Fazenda Mundo Novo, 4 do Rio de Janeiro e 19 cartas sem localização
definida. As cartas desta coleção documental foram escritas por descendentes dos remetentes das cartas do século XIX para
vários destinatários. Representam uma amostra da escrita culta ou semiculta feminina da primeira metade do século XX.
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Correspondências Amigas: o Acervo de Valente, Bahia |
94 Diversos |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 79 cartas: 77 manuscritas – a maior parte em papel
com pautas – e 2 impressas; algumas delas estão acompanhadas de cartões de felicitação, cartões postais e fotografias (25
cartões e 2 fotografias). A carta mais antiga data de 1980, e a mais recente, de 1993. Há somente 2 cartas não datadas. Trata-se
de uma documentação da segunda metade do século XX, do arquivo pessoal de Adelmário Carneiro Araújo, baiano da cidade de Valente
– antes uma fazenda denominada Boi Valente –, localizada na microrregião de Serrinha. Do conjunto, 77 cartas e os cartões
são destinados a Adelmário, nascido em 17 de outubro de 1959; 2 cartas são remetidas por ele a Eliana de Oliveira Lima, mais
tarde sua esposa, e a Regina Célia Siqueira dos Santos, sua amiga. Somam-se 38 remetentes, 31 do sexo feminino e 7 do sexo
masculino, a maior parte nascida/radicada no interior da Bahia, jovens, com idade entre 20 e 30 anos, estudantes do Ensino
Fundamental ou do Ensino Médio; são pessoas comuns, amigos e/ou familiares de Adelmário Carneiro Araújo, que escreveram cartas
e cartões informais. A maioria das cartas foi escrita no interior da Bahia: Campo Formoso, Feira de Santana, Jacobina, Quijingue,
Retirolândia, Salgadália, Santa Rita de Cássia, entre outros municípios. No período em que as cartas foram escritas, abordando
assuntos diversos (amizade, namoro, estudo, trabalho), havia, por parte do Poder Público, o reconhecimento da importância
das comunicações para o desenvolvimento do país, particularmente dos serviços postais e telegráficos, tendo sido criado, por
decreto-lei, em 1967, o Ministério das Comunicações, do qual o Departamento de Correios e Telégrafos (DCT) passou a fazer
parte. Houve, na década de 70, um ciclo de desenvolvimento dos serviços postais, graças ao qual as distâncias foram encurtadas.
As cartas da coleção em questão, escritas sobretudo por jovens mulheres, demonstram o “namoro por correspondência”; foram
as cartas, nos tempos modernos, substituídas pelas redes sociais da internet.
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Cartas de Mãos Inábeis |
131 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 131 cartas, escritas por 53 remetentes, extraídas
de Santiago (2019). Essas cartas foram escritas por sertanejos oriundos de comunidades rurais dos municípios de Riachão do
Jacuípe, Conceição do Coité e Ichu, localizadas na região sisaleira do Semiárido baiano. Trata-se de cartas trocadas entre
familiares, compadres, namorados e amigos, principalmente para expressar saudades, obter notícias familiares e fazer pedidos;
de modo geral, são textos próximos de uma escrita cotidiana, de caráter afetivo, em que há um significativo grau de intimidade
entre os remetentes e os destinatários. Compartilhando um contexto sociocultural semelhante, os remetentes são lavradores,
trabalham com agricultura e criação de animais; possuem baixas condições financeiras e pouca escolarização. Um conjunto de
características presentes nas cartas fornece algumas pistas para perceber que os seus escreventes são indivíduos pouco familiarizados
com a língua escrita, e, por isso, a amostra revela-se representativa da variedade popular do português brasileiro.
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Cartas da Coleção Documental Particular da Família Soledade |
30 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 30 entre as 100 cartas manuscritas (apenas 1 é datilografada),
trocadas entre baianos cultos – Otto Soledade Júnior e Renée da Silva Barros Soledade –, de 1948 a 1951. Encontra-se a documentação
no arquivo pessoal de Juliana Soledade, neta do casal. Otto Soledade Júnior nasceu em Salvador-BA, em 1925. Formou-se como
‘modelador de fundição’ na antiga Escola Técnica de Salvador. Não teve diploma universitário, mas sempre gostou de ler e estudava
por conta própria. Amante das artes, fez aulas de escultura com o artista plástico Mário Cravo. Começou a trabalhar no Instituto
do Cacau, onde conheceu Ruy da Silva Barros, que tinha uma irmã de nome Renée da Silva Barros, com quem Otto veio a casar-se
e a constituir família. Renée nasceu em 1932, em Ilhéus-BA. Estudou em um colégio de freiras, onde fez o primário, o ginásio
e o curso normal, que oferecia a formação de professora. Nunca exerceu a profissão. Mas foi autodidata nos estudos de cinco
línguas, religião comparada, mitologia, filosofia, psicologia, genética, história, física quântica. Numa viagem a Salvador,
conheceu Otto, em 1947 – por intermédio de seu irmão Ruy –, e começaram a corresponder-se por carta. O namoro, inicialmente
escondido, com as cartas de Otto a Renée sendo enviadas à casa de uma amiga da jovem, tornou-se público tempos depois, e as
cartas passaram a ser enviadas diretamente à casa de Renée. Casados, Otto e Renée mudaram-se para o Rio de Janeiro, em 1973.
Dois anos depois, mudaram-se para Brasília, onde Otto faleceu. Renée vive em Brasília até hoje. A documentação epistolar aqui
apresentada, escrita por baianos na primeira metade do século XX, é representativa de normas cultas do português brasileiro.
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Cartas da Coleção Documental particular da Família Freire |
17 Diversos |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 17 correspondências – cartas, bilhetes e cartões
manuscritos –, trocadas, sobretudo, entre Carlos Ribeiro Freire e Iracema Batista Chéquer Freire, que se tornaram marido e
mulher. São as correspondências trocadas entre eles sobretudo correspondências de amor. Escrita nos anos de 1937, 1938, 1939
e 1942, a documentação – representativas de normas cultas do português brasileiro – se encontra no arquivo pessoal de Tânia
Conceição Freire Lobo, neta de Carlos e de Iracema. Das 17 correspondências, 12 foram escritas por Carlos (9 cartas, 2 bilhetes
e 1 cartão de aniversário), sendo 11 destas endereçadas a Iracema, e 1, endereçada ao pai dela, pedindo-lhe a mão da jovem
em casamento. 3 cartas foram escritas por Iracema para Carlos, e 2 cartas têm como autora intelectual Maria Laurinda, mãe
de Carlos, redigidas e assinadas por outra pessoa e endereçadas a Iracema. Carlos Ribeiro Freire nasceu em Jussiape-BA, na
Chapada Diamantina, em 1917. Iracema Batista Chéquer Freire nasceu em Abaíra-BA, em 1920. As famílias de Carlos e Iracema
se mudaram para Iguaí-BA, onde os dois jovens se conheceram, começaram a namorar e a corresponder-se por meio de cartas, bilhetes
e cartões. Casaram-se e constituíram família. Carlos, que foi o primeiro prefeito de Iguaí, faleceu em 1996, e Iracema, em
1977.
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Coleção documental da Família Estrela Tuy |
3 Cartas |
A coleção documental da Família Estrela Tuy é composta por 152 correspondências privadas, produzidas entre 1920 e 2000,
por 49 brasileiros (23 mulheres e 26 homens) com níveis distintos de escolaridade. Os remetentes, nascidos entre fins do século
XIX e meados do século XX, são provenientes, em sua maioria, de cidades interioranas e de comunidades rurais do estado da
Bahia. Graças ao valor sentimental e à importância atribuída ao conteúdo dos manuscritos, essa documentação epistolar foi
preservada por seus guardiões, os destinatários e seus familiares, até os dias atuais. São cartas, bilhetes e cartões destinados
a familiares, amigos e noivos, para dar e receber notícias de familiares e amigos, tecer comentários sobre viagens, estado
de saúde, vida escolar, férias, expressar saudades; também tratam de negociações sobre compra e venda de gado, contratação
de pessoas para auxiliar nas atividades agropecuárias, além da prestação de contas de sociedade (criação de gado, plantio,
compra e venda de açúcar e milho). Essas correspondências chegavam às mãos de seus destinatários ou por meio de portador,
ou via serviço postal. Os portadores eram amigos em comum, conhecidos ou familiares que fossem viajar para localidades próximas
de onde o destinatário residia ou se encontrava e que estivessem dispostos a entregar as cartas ou os bilhetes, muitas vezes
acompanhados por presentes ou encomendas (frutas da época, peixes, remédios, dinheiro etc.): Até a chegada do teu portador,
eu| estava aguardando as notiscias, confor-|me fiz o trato com Raquel. Mas,| ele chegou em tempo.| (excerto extraído da Carta
3-Fazenda Bom-Jardim 30-9-52-ACST); O que eu achei beliscima para te mandar foi| estas flores.| (excerto extraído da Carta
10-Fazenda Bom-Jardim 28-1-53-ACST). As informações sobre os remetentes e os destinatários foram levantadas a partir do conteúdo
dos manuscritos e, principalmente, de entrevistas realizadas com familiares, contraparentes e amigos de tais indivíduos. Também
foram utilizadas as informações reunidas sobre ambas as famílias, nos trabalhos de Tuy Batista (2017a; 2020), além de informações
sobre a família Estrela, dispostas no exemplar Memória Histórica e Genealógica dos Mendonça Bezerra Ferreira de Moura: Uma
saga de religiosidade e colonização – desenvolvimento e atualização da árvore genealógica das principais famílias do Pedrão,
de João da Costa Pinto Victoria . Ainda, informações sobre a família Tuy foram coletadas a partir do Relatório de Genealogia
de Bernardo da Silva, parcialmente extraído de Freire (2010).
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Cartas Marienses |
90 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidipomática de 89 manuscritos, datados de 1935-1995. A vida dos marienses
é descrita em detalhes nesses escritos que sobreviveram ao tempo em baús de famílias da região rural do município de Coração
de Maria (BA) e foram cuidadosamente resgatados por Patrícia Santos de Jesus Brito e editados no âmbito de sua dissertação
de Mestrado. A edição do texto transporta leitores e leitoras às décadas de 30 a 90 do século XX, dando conta de uma das tarefas
fundamentais da filologia: a curadoria do patrimônio histórico. É um trabalho interdisciplinar, que permite conhecer e descrever
um período importante da história do português brasileiro. De pedidos de casamento a narrativas de São João e outras festas,
passando pelas radiolas e pelos cachos de bananas derrubados pelo vento forte, os documentos convidam a conhecer o cotidiano
de marienses ao mesmo tempo em que fornecem elementos riquíssimos para as pesquisas em linguística histórica e em história
social da cultura escrita. Destaque-se que a maior parte das cartas foi escrita por uma mulher, Maria José Pacheco, nascida
em 1915, que se correspondia principalmente com seus 5 filhos. A presente coleção dá a conhecer ao grande público vislumbres
da vida corriqueira do sertão baiano ao mesmo tempo em que oferece material rico às pesquisas em sociolinguística histórica.
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Cartas da Família Oliveira |
23 Cartas |
Coleção documental composta da edição fac-similar e semidiplomática de 23 cartas, datadas do século XX. Encontra-se a coleção
documental depositada no arquivo pessoal da família Oliveira, em Feira de Santana. As cartas são originadas do Rio de Janeiro,
da região da Guanabara, e de São Paulo, sendo 22 apógrafas, do recém-casado Arnaldo Andrade Dias, dirigidas a sua esposa Lourdinha
[Maria de Lourdes Lima de Oliveira], na Bahia, e uma autógrafa, de João Carvalho de Matos, “compadre” de Lourdinha. São representativas
do português semipopular.
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Livro de Despesas e Receitas da Irmandade do Santíssimo Sacramento, Livros de Batismo e Atas de Religiosos de municípios do
sertão baiano |
0 Cartas |
Trata-se da edição semidiplomática de um “Livro de Despesas e Receitas da Irmandade do Santíssimo Sacramento" (1870-1889),
do município baiano de Monte Santo, local que recebeu o exército, durante a Guerra de Canudos, em 1897, também conhecido
por ter sido aí encontrado o meteorito Bendegó. De Monte Santo, também reúne esta coleção documental "Atas de Religiosos"
(1934). Apresenta-se, ainda, a edição semidiplomática de "Livros de Batismos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de
Olindina-BA", município que ficou conhecido pela atuação, em 1882, do beato Antônio Vicente Maciel ou Antônio Conselheiro.
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Coleção Documental Cartas do Cangaço |
1 Cartas |
Coleção documental composta de 26 cartas e bilhetes, escritos por Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião,
outros participantes do cangaço e cartas-respostas de fazendeiros a Lampião. O mais famoso chefe cangaceiro que existiu no
país, Lampião teve atuação entre 1922 e 1938. Pernambucano, nascido em Serra Talhada, filho de um pequeno fazendeiro, ele
ingressou no bando de cangaceiro de Sinhô Pereira, em 1921, tornando-se seu líder, no ano seguinte, tendo aterrorizado o interior
do Nordeste, com seus roubos, ameaças, violência, invasão e destruição, cujo combate pelos soldados, chamados de “volantes”,
era difícil. Sua parceira foi Maria Bonita, que aderiu ao cangaço, em 1930, e teve, com ele, uma filha, em 1932. Lampião morreu
em uma emboscada, em Sergipe, em 1938; não se sabe sua idade, na ocasião, porque as informações sobre sua data de nascimento
não são precisas. Alfabetizado, Lampião mantinha o gosto pela leitura e pela escrita, e escrevia cartas; no circuito do cangaço,
tinha a escrita diversas funções, como extorquir, ameaçar, agradecer, acalmar etc. Mas eram poucos os cangaceiros que sabiam
ler e escrever. Segundo Oliveira (2009, p. 119), “o cangaço, de modo geral, acolheu em seu seio muitos indivíduos com o perfil
de Volta-Seca, definido por Mello (2004, p. 129) como analfabeto, profundamente inculto e limitado”. O Rei do cangaço, sabendo
que não poderia lidar com os fazendeiros somente à base da ameaça, com eles fazia espécie de acordo – o que se pode verificar
em algumas cartas –, garantindo-lhes a ida e vinda, sem que os cangaceiros os aborrecessem, desde que fossem generosos.
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Universidade Estadual de Feira de Santana
Departamento de Letras e Artes
Núcleo de Estudos de
Língua Portuguesa (NELP)
Projeto Vozes do Sertão em Dados: história, povos e formação do português brasileiro
(DOHS - Documentos Históricos do Sertão)
Processo CNPq 401433/2009-9. Consepe 102/2009.
Coordenação:
Zenaide de Oliveira Novais Carneiro
(UEFS/Fapesb/CNPq)
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